30.5.08

Queria ter três mãos!

Tiago da Costa
Integrante da equipe de voluntários da Assessoria de Comunicação da ABUB
ex-abuense de Vitória (ES)


“Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito” Eclesiastes 4.6

Quem nunca desejou que o dia fosse de 30 horas? A ênfase no ter, no fazer, no sucesso a todo custo tem levado essa geração a um ativismo desenfreado, como nunca antes se viu. Vários empregos ao mesmo tempo, cargos acumulados, fazer, fazer, fazer... Palestras sobre “como ser um empreendedor” se espalham por todo canto. Ainda bem que sobra uma horinha na agenda para o curso sobre “técnicas para se livrar do stress”!

Longe de fazer apologia à preguiça, o autor do livro de Eclesiastes faz um reflexão interessante sobre o excesso de trabalho: o ativismo gera aflição de espírito. Isso já acontecia há milênios, mas acredito que em uma escala menor, relativa ao seu tempo. Quanto mais o trabalho ocupa espaços exagerados em nossa agenda, mais infelizes nos tornamos. Insônia, ira, cansaço, nervosismo, sem falar nas doenças psicossomáticas. Pior que o tormento individual é o fracasso nos relacionamentos. Não temos mais tempo para a família, nossos “amigos” se restringem aos colegas de trabalho (e de happy hour). Deus, então, vai pra escanteio! E distância de Deus é sinônimo de morte.

E na igreja então? Cargos e mais cargos sobre uma única pessoa demonstram a visão turva que temos. Deus está nos chamando para a intimidade e nós simplesmente nos queixamos do nosso cansaço: “Deus, você não tem dó de mim não? Estou aqui que nem um louco fazendo a obra pra você e ainda me manda essas lutas... Haja paciência, hein?”

Às vezes não entendemos que ele não precisa de nós. Não fazemos nada para Ele, mas sim com Ele. Ele poderia ter dado a nossa missão aos anjos ou feito tudo sozinho, mas preferiu nos honrar e deixar que trabalhemos como seus cooperadores.

Eclesiastes não propõe o ócio, mas o equilíbrio. Com uma mão cheia de trabalho, a outra mão fica livre para o descanso, a família, os amigos de verdade, as coisas boas da vida e principalmente para o relacionamento com Deus. Se as duas mãos estiverem ocupadas...

Vale a pena refletir e tomar uma postura. Abrir uma das mãos e deixar o peso extra que estamos segurando é um caminho para restaurar a qualidade de vida. Às vezes até para nos manter vivos.

P.S: Esse texto foi escrito há uns três anos. Na época eu era estudante universitário, designer, líder de jovens na Igreja, co-líder de grupo da ABU, guitarrista de duas bandas, promotor de eventos... e mais um monte de coisas.Cortei 70% dessas atividades. Não poderia ter feito algo melhor.

As opiniões expressas no texto são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, as posições da ABUB.


4 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho um caderno em que anoto problemas, pensamentos, angústias e outras coisas pessoais. Parece que vc tirou esse texto do meu caderno. acho se todas as pessoas tivessem caderno, pensariam a mesma coisa, pois vc conseguiu sintetizar (assim como o cohelet) a falta de sentido que é trabalhar como um louco.

Obrigado por me abençoar com esse texto!

Flávio Américo

Anônimo disse...

Também acho que você tirou este texto do meu caderno, Tiago.
Muito interessante seu comentário sobre os excessos de atividades na igreja. A princípio, parece-nos legítimo ser tão ativos, afinal, estamos trabalhando para Deus...Logo ficamos sobrecarregados e fracassamos em nossa vida devocional. Viramos ativistas religiosos e nem percebemos!
Um amigo, cintando alguém, disse: "O tempo é bom e sempre sobra." Quando ele não sobra, nem é bom, tem alguma coisa errada...Acho que é um pouco da idéia desse versículo do livro de cohelet que você inicou sua reflexão.

Muito legal sua reflexão. Parabéns pela coragem de cortar algumas de suas atividades!

Dayane de Assis.

Anônimo disse...

Também acho que você tirou este texto do meu caderno, Tiago.
Muito interessante seu comentário sobre os excessos de atividades na igreja. A princípio, parece-nos legítimo ser tão ativo, afinal, estamos trabalhando para Deus...Logo ficamos sobrecarregados e fracassamos em nossa vida devocional. Viramos ativistas religiosos e nem percebemos!
Um amigo, cintando alguém, disse: "O tempo é bom e sempre sobra." Quando ele não sobra, nem é bom, tem alguma coisa errada...Acho que é um pouco da idéia desse versículo do livro de cohelet que você inicou sua reflexão.

Muito legal sua reflexão. Parabéns pela coragem de cortar algumas de suas atividades!

Dayane de Assis.

Anônimo disse...

É, acho que a única que não tem o tal caderninho sou eu..rs, mas esse texto tem muitas coisas haver comigo, deve ser até por isso que não tenho tempo para o caderninho..rs...rs. Essa reflexão traz a tona tudo o que precisa ser priorizado e tudo que precisa ser minimizado! Parabéns 02, não fica com medinho e escreve mais!!! Um abraço!!!