8.1.06


Dentre as diversas atividades ocorridas durante o Missão 2006 na última sexta-feira, destacaram-se os simpósios incluídos no grande tema “Missão em diálogo com a cultura”. Neles, o que aconteceu foi um bate-papo sobre cinco temas geralmente pouco discutidos a partir da provocação de alguns facilitadores: música; literatura; história; negritude e ecologia.


Destaque para a “Negritude”

Inédita na igreja evangélica brasileira, a discussão sobre movimentos negros gerou uma saudável polêmica no grupo que escolheu conversar sobre este subtema. Facilitado pela enfermeira e fazedora de tendas Agnês Camisão; pelo empreendor social e líder da Missão Quilombo Hernani Silva e pelo pastor batista e líder da ONG “Simeão, o Níger”, Marco Davi, o encontro esclareceu muito sobre a realidade do negro no Brasil, além de incentivar a abertura de outros diálogos sobre a questão racial no país.


Origens, características e questões-chaves ligadas aos negros, ao preconceito e à sua resistência foram discutidas com intensidade. Muitos queriam expor suas opiniões. O tempo foi pouco para dar conta da demanda, infelizmente. Por outro lado, ficou clara a necessidade da abertura de outros espaços de reflexão e debates a esse respeito.
Entre alguns pontos afirmados durante o simpósio, destacaram-se:

1) A Missão cristã anda de mãos dadas com a busca da justiça porque Deus é justo e a “injustiça do preconceito fere o céu”;
2) O desrespeito às raças e etnias desagrada profundamente a Deus;
3) A Graça de Deus nos incentiva a lutar contra todo tipo de desigualdade e
4) “Só existe uma raça: a humana, que é caída, morta pelo pecado, mas com chance de ser redimida pelo precioso sangue de Jesus”

Alguns dados estatísticos deram uma noção da desiguladade entre brancos e negros no Brasil:
· Os negros ganham 17% a menos no Brasil do que os brancos, ainda que a escolaridade de ambos seja a mesma;
· Existem no país 2270 comunidades remanescentes de quilombos, mas apenas 70 delas receberam a titulação das suas terras (a maioria vive na miséria)

Diante desse quadro, cujas origens históricas foram bastante destacadas na exposiçõa dos facilitadores do simpósio, uma grande afirmação recebeu destaque. Ela pode ser resumida assim:

Cristãos de todas as raças devem lutar pela igualdade racial; mas o mito (já desfeito) de que no Brasil não existe preconceito deve ser completamente anulado, ou seja, é preciso encarar o problema de frente para, então, tratá-lo através de, entre outras coisas, políticas públicas de afirmação. Envolver-se nesta luta é uma das formas da igreja fazer Missão.

“O racismo é uma negação do evangelho”
“O nosso inimigo não tem cor: chama-se desigualdade”
Palavras do pastor Marco Davi, durante o Simpósio.

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