26.3.08

Menos é mais: a arquitetura e o evangelho

Jaqueline Emerich
Estudante de arquitetura da UFMT
Abuense de Cuiabá

Na arquitetura existe um conceito paradoxal: “Menos é mais”. O autor da frase é Mies Van der Rohe, arquiteto alemão e umas das figuras centrais do Movimento Moderno.

Tudo o que os modernistas não queriam nessa época era repetir o passado, daí a robustez e a simplicidade das obras a partir da década de 20: nada de firulas, nada de ornamentos, nada de rendados no telhado e morte às colunas gregas!

Eles não estavam errados quanto ao conceito: de fato, menos é mais. Porém toda a discussão acerca do menos está muito além de blocos de concreto e painéis de vidros.

O cristianismo contemporâneo talvez tenha muito o que aprender com a simplicidade Moderna. Será que menos ornamentos na fé resultaria em mais pro Reino de Deus? Na arquitetura, o menos tem a ver com plantas livres, espaços abertos, estruturas à vista, a forma seguindo a função. E no cristianismo?

Parece que a fé cristã ainda está vivendo a arquitetura de 1700 e bolinha... É o Rococó Gospel: muita coisa encoberta, muito ornamento, muito emocionalismo, a preocupação em se expressar somente sentimentos agradáveis, as estruturas por debaixo das rendas.

O conforto e a beleza do Rococó nada tem a ver com o evangelho de Jesus Cristo. Pra Ele, menos é mais. Menos teologia, menos grego, menos formas diferentes de batismo, menos teologia relacional, menos predestinação, menos teologia da prosperidade, menos católicos, menos evangélicos, menos, menos, menos!

A simplicidade desconcertante do Mestre põe a baixo todas as formas acadêmicas de se entender a fé. Precisamos aprender com ele. Nada de vãs repetições. Basta de discussões que no final das contas não produzem nada. O “menos” de Jesus diz respeito à vida. Uma vida de fé sem ornamentos, mas repleta de sentido. Uma vida em que o “menos” é mais que “mais”, é acima de tudo Abundante!

Que o Senhor da Simplicidade nos conceda graça pra vivermos o “menos” do evangelho, a fim de que obtenhamos mais pro Reino de Deus.

As opiniões expressas no texto são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, as posições da ABUB.

5 comentários:

Unknown disse...

Muito bom texto, Jaqueline.
Fiquei matutando na pergunta que você fez: "Será que menos ornamentos na fé resultaria em mais pro Reino de Deus?"
Achei seu texto provocativo, no bom sentido, pois a "provocação" se torna uma boa ferramenta no caminho rumo ao aprendizado comunitário.
Talvez eu diria que alguns dos "menos" que você sugere precisariam de mais definição, para aclarar o que excluo e o que mantenho, ou "purifico", por exemplo, no "menos teologia".
E seria fabuloso um segundo artigo com a ênfase no "mais", algo como "mais justiça", "mais misericórdia", "mais obediência em missão", coisas assim.
Obrigado então pela sua provocação. Excelente texto. Paz e abraço!

Anônimo disse...

Obrigada pelo comentário, Ricardo.
Fico feliz em saber que o texto foi provocativo... rsrs
Que a provocação nos mova para o avanço do Reino!

Abraços,
Jacque.

Anônimo disse...

Olá Jaqueline, parabéns pelo texto. Sou professora de arquitetura e, por ser do meio arquitetônico, pude compreender na essência a sua comparação. Concordo com vc, menos é realmente mais! Na Era do Show e das Celebridades Cristãs, das disputas doutrinárias vãs, das muitas ações e das poucas orações, creio que Cristo nos conclama a entrarmos dentro do nosso quarto, fecharmos as portas e passarmos um tempo em Sua presença, meditando em Sua Palavra, buscando os frutos do Espírito que são frutos de simplicidade, amor, paz e fé.

Anônimo disse...

Olá Jaqueline, parabéns pelo texto. Sou professora de arquitetura e, por ser do meio arquitetônico, pude compreender na essência a sua comparação. Concordo com vc, menos é realmente mais! Na Era do Show e das Celebridades Cristãs, das disputas doutrinárias vãs, das muitas ações e das poucas orações, creio que Cristo nos conclama a entrarmos dentro do nosso quarto, fecharmos as portas e passarmos um tempo em Sua presença, meditando em Sua Palavra, buscando os frutos do Espírito que são frutos de simplicidade, amor, paz e fé.

Anônimo disse...

bom comeco