25.8.08

Vaidade versus eternidade

Cássia Suranéia
Estudante de Administração
ABU Governador Valadares - MG



No curso de férias que participei (Uberlândia/MG) uma pergunta me marcou profundamente: qual o grau de importância que tenho dado aos relacionamentos que construo debaixo do sol? Esta é uma pergunta simples e inquietante, pois a resposta nem sempre é agradável.

Estamos num tempo pós-moderno, em que cada um elege e cria seu próprio mundo e escala de valores para tal. Continuamos tendo inúmeros anseios, interesses e projetos que nos tomam muito tempo. A superficialidade e o mundo virtual surgem, então, para facilitar nossas vidas. Somos seduzidos por esses relacionamentos. As diversas ferramentas que utilizamos tornam as coisas mais fáceis fácil, com apenas um click nos livramos de alguma pessoa que não nos interessa mais. Deletamos ou bloqueamos o que nos desagrada e seguimos em frente, tudo sem nos importar com a expressão que fica em seus rostos e em muitos casos as feridas em seus corações. Tenho uma amiga que chegou ao extremo de ter que ouvir os desabafos da colega de apartamento pelo MSN, mesmo estando as duas no mesmo apartamento e os quartos sendo um ao lado do outro. Elas se trancavam em seus respectivos quartos e aí conversavam virtualmente, evitando assim o olho no olho, a expressão corporal que revela, muitas vezes, o que as palavras não têm coragem de dizer. É lamentável saber que chegamos a esse ponto. Isso sem falar em nossas famílias, o quanto as relegamos ao segundo ou terceiro plano, mas esse já é assunto para outro artigo.


O que eu quero registrar é que somos chamados para sermos contracultura, a valorizarmos as pessoas, olharmos para elas como Deus as olha, pois, como descobrimos através do livro “Crer é também pensar” de John Stott, somos capazes de alcançar os pensamentos de Deus e a partir disso começarmos a gastar o “nosso tempo” (na verdade nada é nosso, João nos ensina no capitulo 3 versículo 27 que “...ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus) nutrindo relacionamentos, partilhando o que somos e temos com outros, a fim de que encontrem a eternidade através de nós.

Esse assunto pode até parecer esgotado, mas não está. Tudo parece claro e óbvio, porém, se fizermos uma análise mais apurada, perceberemos o quanto essa virtualidade já se entranhou em nós! Nossa rotina de correr atrás do vento, tem nos afastado, cada vez mais, do outro e, consequentemente, do Eterno, que pode habitar no outro, pois Ele escolheu fazer de nós sua morada. Contentamo-nos com a superficialidade dos nossos relacionamentos, ao nosso redor, vemos as pessoas sendo consumidas como coisas, sendo feridas, destroçadas e depois jogadas para escanteio e isso já não nos incomoda mais, seguimos a cartilha da moda fazendo também da forma e dos meios superficiais nosso “modus vivendi”.

Tudo é vaidade, tudo é ilusão, tudo terá um fim, o que nos resta é deixar seguir e nada mais?

Não. O fato é que nesse breve período aqui debaixo do sol, se nos permitirmos viver relações que figurem para uma eternidade com um Deus que é relacional, um Deus que tem prazer em nos chamar de amigos conforme a carta aos Romanos 5.10a (“Nós éramos inimigos de Deus, mas ele nos tornou seus amigos por meio da morte do seu Filho”), nossa vida e a dos outros fará sentido! Parece coincidência, mas, apenas nesta semana, me questionaram algumas vezes sobre o sentido da vida, alguns amigos perderam pessoas queridas e questionaram o porquê disso, e outra amiga teve um suicídio na sua família. Foram experiências fortes que me mostram ainda mais a brevidade da vida, e a partir disso, pude então compartilhar que o sentido só existe se olharmos para a eternidade, mesmo enquanto vivemos aqui sob o domínio do finito.

O sentido de tudo só passará a existir se deixarmos que a eternidade nasça em nós através de Jesus Cristo. Creio que esse olhar para eternidade deve ser um dos fatores que nos motivam a partilhar nossa fé na Universidade. Pensarmos que os que nos cercam precisam conhecer a esse Deus eterno, para que suas vidas não sejam apenas vaidades, uma fumaça que nada produz e para nada serve! As verdades de Eclesiastes estão mais vivas do que nunca, precisamos entendê-las, aceitá-las e propagá-las, aos que nos cercam, com amor, misericórdia, compaixão e sinceridade, e aí sim nossas vidas terão o sentido verdadeiro, ainda nesse tempinho debaixo do sol.

7 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Cássia! Gostei muito do seu texto e peço permissão pra compartilhá-lo aqui entre os irmãos e grupo da ABUFSA. Verdadeiramente vivemos um tempo de muita superficialidade nos relacionamentos mais diversos e isto traz um mal enorme para as pessoas. Só mesmo Jesus Cristo pode mudar este quadro,ensinando-nos a valorizar o que é eterno e desprezar o que é vaidade. Valeu mana. Que Deus continue te abençoando e te inspirando ricamente dia após dia.
Fraterno abraço do mano,
Carlos. (ABU-FSA)

lucas rolim disse...

Muito boa a reflexão Cassinha!
Realmente, a todo instante, precisamos parar e analisar se os nossos atos tem tido sentido. E em especial, se tem havido algum desejo pela eternidade nos nossos relacionamentos.Muito pertinente lembrar o que vivemos no CF e muito relevante continuarmos pensando nisso.
Deus te abençoe muito e a todos nós.
Beijos.

Em Cristo,
Lucas Rolim Menezes - ABU Viçosa

Anônimo disse...

Como tudo que está debaixo do sol, o que aprendemos no CF (no meu caso,o CF do Nordeste) será esquecido. Não por ser algo sem importância, mas eh que tudo aqui eh efêmero, eh como fumaça (vaidade, num português q não se usa mais). por isso, é sempre necessário ser lembrado sobre essas coisas. Valeu, Cássia, por nos manter lembrados do que é essencial.

Flávio Américo

Anônimo disse...

Oi, Cassinha. Foi muito bom relembrar do nosso CF lendo o seu texto. Eclesiastes tem me fascinado, e foi gratificante ler o seu artigo tematizando o livro. Achei perfeito o seu último parágrafo, e concordo que só quando olharmos para o nosso cotidiano com os olhos cheios de Graça é que conseguiremos dar sentido a esse tempinho que nos resta debaixo do sol.

Parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Parabéns aos responsáveis pelo excelente e abençoado conteúdo deste blog!!!

Abraços e continuem na abundante Graça!!!

Fejolo disse...

Coisa boa é ver as pessoas dando frutos como se fossem árvores plantadas perto do rio!!!!

Parabéns Cássia!!!

Anônimo disse...

Coisa boa é ver as pessoas dando frutos como se fossem árvores plantadas perto do rio!!!!

Parabéns Cássia!!!