15.4.09

Para sempre...


Rafael de Castro
Abeuense de Seropédica - RJ
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro



"Depois de tanto tropeçar, no fim, aprendi a viver de horizontes, pois neles não há finitude.
O tempo exige de volta os bons momentos que tomamos emprestado e o espaço cumpre seu dever e se coloca entre nós e as pessoas que amamos.

Saudade é se revoltar contra o tempo e o espaço.
Saudade é uma criança teimosa que pede e chora pela eternidade, onde não há tempo para roubar os bons instantes, nem espaço para romper com uniões eternas.
Saudade é um querer do porvir onde nada é deixado para trás, pois não existe espaço. Onde nada é entregue ao esquecimento, pois não existe passado cúmplice do tempo para envelhecer nossa memória.
Saudade é o lamento pela existência do fim.
Bem aventurado aquele que tem saudade, pois o fim dessa desventura será o consolo da eternidade.
Saudade é desejar o fim do conto de fadas, onde há sempre um "para sempre".

Cássia Eller canta um belo verso: "...lembra quando a gente chegou um dia a acreditar/ que tudo era pra sempre/ sem saber/ que o pra sempre sempre acaba...". Essa música é uma chave que abre uma caixinha de lembranças que guardo com carinho. Mas bem sei que um dia nem a saudade, nem os versos da Cássia Eller farão sentido algum. Estou certo que o amor não acaba. Um dia o sempre será pra sempre. Quando as utopias do amor serão reais. Quando as estrelas estiverem mais próximas de nós. Saudade é estar de olho no horizonte, de pé descalços na areia molhada pelas ondas frias do mar esperando apenas... Alguém voltar".

Comentário do autor: Aprendi a partir e deixar para trás pessoas que amo, mas nunca foi fácil. As vezes tentei esconder esse sentimmento furtivo, mas hoje resolvi expo-lo com meus singelos versos. Talvez as cartas do apóstolo Paulo também tenham sido uma forma de calar uma saudade latente que ele sentia por irmãos que ele tanto amou, todavia viajar era preciso, nem mesmo a astuta saudade é capaz de deter a proclamação do evangelho.

Talvez eu sempre carregue comigo um pouco de saudade, afinal se há saudades é porque ainda há, ou um dia houve, amor. Esse texto também é uma carta a amigos mais chagados que irmãos que dividiram comigo apenas um breve momento, mas bem sei que um dia dividiremos a eternidade. Um dia contarei aos meus filhos histórias sobre amigos, alegria e fé, contarei sobre um janeiro ensolarado que o tempo não poderá roubar de mim. Fiquem sempre de olho no horizonte...

Hoje, minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. E também faço essa oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção...
(Felipenses 1: 8-9)

4 comentários:

Monique Spilari disse...

Tem momentos em que não acredito que convivo com essa cara durante a semana!!!
São esses textos que me fazem entender cada dia mais o que foram aqueles "21 dias"!!

Letícia Masuet disse...

Muito LINDO!!! Saudades desse pessoal da RURAL...

Unknown disse...

Eu li esse texto no Blog do Castro e me achei nele sabe...

Eu divulguei isso entre meus parentes e eles perguntaram onde tem livro desse poeta. vamos publicar isso num livro Castro!!!

Abração

Flávio Américo de Carvalho disse...

Castro, seu texto é sublime. É impressionante como certas manifestações artísticaas fazem a ligação entre o homem e a eternidade.